sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

algo para o qual você não consegue voltar

alguém pôs a mão na frente dos seus olhos, fechou-os, tampou-os, e disse, e aí?
Era tudo isso.
Você tenta ter controle, não adianta, não importa o quanto se esforce, e você se esforça, pra controlar as coisas, não um controle... ruim, apenas um entendimento das coisas, não importa o quão se olhe, me olhe, aqui, na sua sua frente, e recebe o meu olhar de volta, você não consegue... controlar. E você quer dizer alguma coisa... shhh... não sabe dizer, nada, não há muito o que dizer, os olhos fechados pela mão de outro, um outro, eu outro, ou outro outro, que importa? Seus olhos estão tampados por uma mão que não é sua.
Era só isso.
Você tenta abstrair, não adianta, abstração é uma espécie de preto, um preto mais cinza, quase com cores talvez, com certeza melhor do que esse certo preto que você enxerga de pálpebras lacradas e mão de outro por cima, mas ainda preto, e, em alguns momentos, quando você delira nas cores cinzas desse preto, e subitamente percebe e entende que tudo é cinza, preto, você então percebe, não adianta, esse preto é mais preto que o preto. Que importa? Seus olhos estão tampados por um carinho que não é pra você.
Era só tudo isso.
alguém sentou no seu colo, as pernas abertas por cima das suas pernas, lascivo, lancinante, uma espécie de lacuna vaga entre os sexos, poderia dizer suspense, mas quem se importa?
Você tenta ter controle, não adianta, não importa o quanto se esforce, e você se esforça, pra controlar as coisas, não um controle... geral, irrestrito, apenas um entendimento das coisas, não importa o quão áspero se toque, me toque, aqui, na sua frente, e recebe o meu toque de volta, você não consegue... gozar. E você quer ser alguma coisa... shhh... não sabe ser, ou querer, nada, não há muito o que ser, ou querer, a lacuna vibrando como um choro contido, um choro, eu choro, ou outro choro, que importa? A lacuna é o mundo onde ninguém vive e todos querem e são.
Era tudo isso.
Você tenta rezar, não adianta, rezar é uma espécie de breu, um breu mais azul, quase com cores talvez, com certeza melhor que esse certo breu que você sente nas mãos e na lacuna de outro por cima, mas ainda breu, em alguns momentos, quando você delira nas cores azuis desse breu, e subitamente percebe e entende que tudo é azul, breu, você então percebe, não adianta, esse breu é mais áspero que breu. Que importa? Suas mãos estão quebradas por um carinho que não é pra você.
Era só isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça da interrupção, um caminho novo.