segunda-feira, 13 de junho de 2016

tá tão tarde que tá cedo

o tempo passa mesmo muito rápido
eu sei que é coisa de velho dizer isso,  eu não sou velho - mas talvez esse seja um primeiro indício de algum tipo de velhice, de sinceramente sentir isso - o tempo passa rápido demais
E tantas pessoas ficam pra trás
E isso não é canastrice, nem bobo, nem tão óbvio quanto as vezes parece. Isso não é óbvio. E mesmo se for, as vezes é importante se lembrar do óbvio, não esquecer do óbvio.

enquanto você inconscientemente se afasta de mim operando pra que eu me afaste de você
enquanto subliminarmente você me odeia sem saber - e eu posso conjecturar uma porção de motivos pra isso, mas escrever soaria extremamente arrogante, depois você me pergunta
eu começo a me questionar de tudo que venho fazendo, e de sentir muita falta de emburacar mesmo
e começo a sentir muita falta mesmo de deslizar pelos corpos dos amigos, tendo uma certeza plena de ser completamente amado vitalmente, mineralmente, algo da ordem dos indígenas
e começo a sentir muita falta do horto, das ladeiras com cheiro de jaca, das casas e apartamentos ricos e enormes, e do sexo assustado das tardes, e dos passeios de bicicleta
e começo a sentir muita falta mesmo dos passeios de bicicleta, e de pedalar por toda a orla, de encontrar a galera no posto 9, de se impressionar com tantas novas descobertas possíveis, de namorar na praia, de tomar mate e comer coalho e fumar baseado e tudo mais e não gastar nem cinco reais, de voltar de bike pra tomar um banho só pra sair loguinho pra social na casa de alguém que estava na praia com absolutamente as mesmas pessoas que estavam na praia e mais alguns poucos outros, de ficar sempre com alguém escondido, tinha que ser escondido, e ficar maravilhado comigo mesmo depois,

e não estou falando do passado

porque me veio agora na cabeça que queria muito trabalhar com o vito, e ele me chamou, eu acho, outro dia, e eu não consigo por essas coisas na agenda besta, e eu não consigo administrar a matéria vital que realmente preenche os corpos, o meu corpo, e sinto sinceramente que estou vivendo errado
porque eu queria reencontrar tanta gente, como a diana hoje no café, ou a rafa que me chamou novamente deliciosamente pra mendes e eu não pude ir muito triste, pra bater o maior papo que já se viu na serra do mar
porque eu tenho tantos projetos de filmes e peças e coisas pra escrever, e quero conhecer tanta gente, e viajar com essas pessoas, e libidinosamente emburacar nelas e nas suas vidas

que matéria fina essa...
sut, tô preocupado com você, sabe que pode sempre falar comigo, e que eu vou sempre te escutar, e que meu amor por você está acima de qualquer julgamento de você, sabe? Que já somos cúmplices há muito tempo...
eu queria honestamente olhar mais pras pessoas, ou, pelo menos, saber dizer isso de uma outra maneira pra que soasse menos patético
por favor, venham me encontrar, que no pior dos casos eu vou bater uma foto nossa com a minha câmera, pra eu ter sempre certeza de te achar em algum caderno quando eu tiver preso na insônia, com o tempo desmanchando os cachos dos meus cabelos e meu coraçãozinho de menino
Volta por favor porcaria