quarta-feira, 13 de abril de 2016

boi tolo

Na cidade onde eu moro
mora também esse monstro
que chamam boi
mas pra mim tá mais pra polvo
que esmaga todo seu trajeto tolo
na tontura sinfônica dos seus tentáculos

Nessa cidade onde eu moro
se escuta todo ano
seu mugido violento, bruto monstro proibido
sempre desde sempre
desprendido
agarrando os bares e os tontos
fagocitose suada da síncope das suas tetas
vaca profana sem cornos ou caretas
avança através de qualquer parede

Nesse transe esquizofrênico de fritados colados por purpurina
Nessa terra em ebulição bovina
todos se tornam também esse dragão
não rebanho, mas matilha
não cardume, constelação
e eu no meio desse monstro sem centro
no centro da cidade sem meio
no risco absoluto desse chão
que retorna a terra, sem ser terreno
território sem não
olhei pra todos os lados apenas pra te procurar
no grosso, um
mesmo

que você
não sai da minha cabeça
e o desejo psicopata
de amar com cada parte
cada pata
cada presa
cada garra
batucada desprovida de marcação
coração atravessando o marcapasso
passo sem direção

repete na minha pele
- você toda doce suada só seguindo em frente
não sai da minha cabeça