sexta-feira, 22 de outubro de 2010

poema de palanque ou altar

jamais ficareis sem água encanada e esgoto!

haverão falsos cristos e falsos profetas!

não sofrereis violência de nenhuma forma, pelo qual as punições serão severas

a ajuda virá dos céus - através de nosso sagrado partido

bendito o voto que vos ajuda me ajudando - votai nos outros como gostaríeis que eles vos votassem

prometo a salvação eterna, com dízimos mais baixos!

pelo meio-dízimo dos estudantes!

implantaremos as carpideiras e as macumbeiras populares!

pela sacralização do dia do servidor público e do dia da bandeira

obrigatoriedade de cultura sacra na educação pública!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

soneto sem sonho

O almirante olhava a onda do mar
batendo no casco do seu navio
como suspiros em um rodopio
talhando com sal o seu navegar

E chorou com um suspiro assobio
serenando as saudades do seu solo
-descobridor, gaúcho, marco polo
atravessando o mar como quem navega um rio

Toda a prata, pau-brasil ou mesmo ouro
lhe eram avessos do maior tesouro
que, enterrado, nunca reaveria

Em cima, a cruz marcava feito um xis
lembrando que ali foi feliz
uma amada que, sem sonhar, dormia

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A idade do mar

me veio na cabeça a imagem de uma praia
com a galera batendo papo
vivendo como um tatuí hippie

bicho grilo bicho do mato
aquelas fotos sentado na pedra olhando o horizonte mar
a galera tocando violão em volta da fogueira

me veio na cabeça agora
o medo que tenho de lembrar dessas coisas
dessas imagens, praias, fotos, bichos e fogos

o laço força que não me deixa andar
que dá close-ups nos meus olhos
quando pisco pra disfarçar o cisco falso

e nas falácias flácidas desses filamentos pensados
filados de pensamentos daquele horizonte mar que falei
fico olhando as fotos dos outros
que ainda como eu já fui e nunca sou
bicham grilo e bicham do mato
bichas hippies ma(i)s alegres

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

fósforo aceso

quase acordei
vermelho de contralto

no tempo dilatado no olho do furacão

dentro de mim, trago o sertão
amarelinho
como as atlântidas dos seus corpos

o primeiro, aquela sua voz
do assobio de cotovia
que me olha lentamente por detrás das
cachoeiras
dos seus olhos

o outro, eu nunca vi
me é perdido, mas tem cheiro de folha
sinusite cervical
como os orgasmo prenhes daqueles
felinos
dos seus olhos