domingo, 19 de setembro de 2010

poemazinho de um bocó

eu sou um idiota
que resolveu escrever só pra virar poeta
tipinho alternativo
com olhar de quem saca das coisas
onde posso sacar o que for?
se virei poeta pra fazer estilo
quero terminar com o estilo
e não virar poeta nunca.
Agora, se descobrir alguma coisa na poesia
prefiro morrer sem estilo
e não ser poeta nunca.

Fazia poemas que o breno não aprecia:
pra namorada olhar e dizer que bonitinho.
Tentei ficar mais cabeça
mais poético (eu achava)
e me descobrir um fracassado estiloso
mas era bom tirar onda

enveredar é, além de um lindo verbo, um ótimo caminho.

balançando nessas ondas e viagens
(em todos os sentidos dessas palavretas)
percebi
que só sei fazer poemazinho ruim pra namorada olhar e dizer que bonitinho
"onde o vento que balança a sua saia?"
- eu e minhas aliterações...
achava foda.

é momento de revisão
re-ver. outro bom verbo.

a gente faremos poema de casebre
- ou nunca mais a gente faremos poema

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

eu

ai, que saudade daquele cheiro de pó!
de maquiagem e de quinto andar!
que saudade de viver cada dia
de ser sido mais do que ser
sendo sem ser

ai, que dias vividos, adiados
o cheiro do figurino e do suor da gente!
do gel de cabelo! e das brincadeiras!
que vontade de fazer tudo de novo e mais de novo vezes
assim, somando tudo num mesmo saco
sentindo sentindo sendo e indo

ai, que vontade de dançar ciranda
de rodar, sorrindo mais que sendo
num círculo mais que infinito, além do mais
e vendo todo mundo lindo
ligados de mãos dadas e doando-se e se dando

ai, que saudade de se apaixonar todos os dias
amando todo mundo e seus mais cintilantes sorrisos
que dias vividos! e ver os rostos maquiados e lindos
que saudade de ser ator mais que tudo
que ser ator mais que eu
que saudade de teatro.