terça-feira, 18 de junho de 2013

eu mal fui vaiado

eu canto as mesmas moscas
da aurora da minha escada;
nas drogas de aluguel e nos vídeos coagidos
nas chuvas de papel e nos murais engolidos

esse limbo colorido
essa escada já cantada
os arrotos de outro dia já disseram:
"pela paz pela paz que eu não quero seguir"

a polícia aliciada ou não
tudo é lícito - tudo convém?
invés de grito, um verso? Inversamente:
a poesia suavemente gritada ainda é certeira?

Acertada como um tiro de borracha
como uma pedrada à gás, arrastada
o rio ria, arriado e ridículo
rasgada a fachada, as faixas e as bandeiras
os bandeirantes e as avenidas
não me mate como um mendigo na candelária
não me arraste pro número da hipocrisia animal
apareça velho esperma da minha cabeça
e meus órgãos, e meu sangue, e meus nãos
são a minha bandeira ideal

Ou nas nuvens ou nas entradas
eu te vi na multidão cem mil vezes
eu te achei do meu lado cento milhares
sentei no chão suado de você
e chorei o seu raspão no telefone agonizado
Nunca a espera foi maior que amanhã
Mesmo. Quem abrirá meus olhos direito?
O direito eu entendo, não te entendo morte vã

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