sábado, 9 de abril de 2016
quinta-feira, 3 de março de 2016
imagina em Cuba
Não
sei
se você já reparou
mas eu solto pêlo quando durmo
muito pêlo
e você solta muito cabelo
daí
aqui
em SP, achei
um cabelo seu na minha roupa
pena
que foi
só um só
só
cabelo, não
você
sei
se você já reparou
mas eu solto pêlo quando durmo
muito pêlo
e você solta muito cabelo
daí
aqui
em SP, achei
um cabelo seu na minha roupa
pena
que foi
só um só
só
cabelo, não
você
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
restante amor
resta eu te escrever, meu amor
resta eu te dizer o quanto eu te amei
e amo
aquele amor
que quer socar sua cara
e te tirar da foto
resta te afogar
no jardim do MAM
e dizer que a alegria do palhaço
é ver o circo pegar fogo
aquele amor
de subir em poste
que quer tomar porrada da polícia se for preciso
resta eu te escrever qualquer porra
amor
qualquer porra minha
que escorra pelo céu escuro
que rasgue seu rosto
que seja beijo e pau duro
e que você finalmente morra
resta dizer que a felicidade é tanta
que o amor transborda tanto
resta transbordar todos os buracos
todas as lajes e espaços
todos os cantos de toda a cidade
todo o carnaval das carnes e dos bares
e das purpurinas douradas
resta te matar
e me matar
e acordar
pra nunca mais
resta
resta eu te dizer o quanto eu te amei
e amo
aquele amor
que quer socar sua cara
e te tirar da foto
resta te afogar
no jardim do MAM
e dizer que a alegria do palhaço
é ver o circo pegar fogo
aquele amor
de subir em poste
que quer tomar porrada da polícia se for preciso
resta eu te escrever qualquer porra
amor
qualquer porra minha
que escorra pelo céu escuro
que rasgue seu rosto
que seja beijo e pau duro
e que você finalmente morra
resta dizer que a felicidade é tanta
que o amor transborda tanto
resta transbordar todos os buracos
todas as lajes e espaços
todos os cantos de toda a cidade
todo o carnaval das carnes e dos bares
e das purpurinas douradas
resta te matar
e me matar
e acordar
pra nunca mais
resta
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
presságios na zona sul
E sem decidir como escrever minha história
está muito difícil escrever
olho amigos tampouco eles estão melhores também como folhas novas secas pisadas craquelando
Sinto presságios
Nos desejos recalcados seculares telúricos reboando nos subsolos da cidade e prontos para ejacular lava dos orifícios encanamentos proibidos
Nos talheres de prata quebrados familiares tradicionais tilintando pelos corredores do castelo nas escadarias das universidades nos fortes históricos nas masmorras dos olhos dos pais
Nos socos violentos voadores que velejam os ventos de inveja e luxúria pelas bordas das asas das borboletas - como já disseram
Nos fundos das festas sufocados de gemidos agudos agulhas genitálias babando fundo nos corpos dançantes
Na saudade & tortura & gozo das fotografias analógicas; pra que serve minha carteira de motorista, meus óculos novos, os prêmios universitários, o número da previdência social, os cálculos das tarifas bancárias, as copas de escritórios com coleta seletiva e campanha de agasalho e adoção de animais fofinhos...?
Nas prateleiras mesas computadores almoxarifados terabytes ambulantes desesperados repletos cobertos de foster wallace, miguel gomes, marcio abreu, ginsberg, burroughs, borges, godard
Nos prédios de manhanttan, seus mapas de metrô esgoto linhas de ônibus ataques terroristas como cartografias móveis avançando pelas sinapses da mente gerando trovoadas que decepam os nomes de personagens de fotos de turma, excrementos em forma de novos endereços, cartas de amor talvez
Nas batalhas virtuais perdidas são sempre perdidas e o sôfrego sofrer repetitivo sobre a enorme vontade de ser dos seres
No religioso risco dos esportes radicais, no sagrado voar das aves e das nuvens (especialmente sobre os morros verdes da zona sul), nas trágicas ceias de natal repletas de peru e vinho e família, na bíblica inflação dos aluguéis, nos proféticos livros de deleuze & guattari e críticas aos livros de deleuze & guattari, no helênico ciclo-ativismo, no lindo traço dos lápis 2B S2, na heróica editora cobogó, queria listar mais
Nos olhos cinza-sinceros semi-sorrindo dos amigos perdidos morando mal, sentem sede na boca e no rabo, fugidos, imigrantes tristes empilhando empilhados passos de jabuti na europa dos corações sangrantes e nas trocas de namorados, me sinto trocado, eu sei os segredos, quem me dera não errar dessa vez
Nos distúrbios mentais dos seus olhos cinzas & cabelos lindos em praças do rio som de coco & maracatu prédios prédios prédios adeus soçobrados sobrados adeus ninguém aguenta olhar pra cima tanto tempo tudo sobe, os preços e os prédios
Nas lentes lindas da minha câmera analógica vejo meu avô e meus amigos nus como índios, greve dos garis e chorume concentrado de um milhão de reveillons pentecostes copacabana
Nas selvas dos miolos dos pentelhos dos estudos dos cabelos dos sistemas de pensamento do apichatpong das músicas do frusciante dos desejos complicados complicadíssimos
Na música eletrônica ~~~~~~~~~~
No seu beijo e baba e bunda e fundo e tudo que não cabe no seu quarto armário apertados bichos de pelúcia patrulhando a seborréia que escorre interminável do seu orgasmo galático derretendo nossa cama de cacos de vidro sobre os azulejos hidráulicos históricos do piso que seus pais escolheram, somos putaria jurássica
está muito difícil escrever
olho amigos tampouco eles estão melhores também como folhas novas secas pisadas craquelando
Sinto presságios
Nos desejos recalcados seculares telúricos reboando nos subsolos da cidade e prontos para ejacular lava dos orifícios encanamentos proibidos
Nos talheres de prata quebrados familiares tradicionais tilintando pelos corredores do castelo nas escadarias das universidades nos fortes históricos nas masmorras dos olhos dos pais
Nos socos violentos voadores que velejam os ventos de inveja e luxúria pelas bordas das asas das borboletas - como já disseram
Nos fundos das festas sufocados de gemidos agudos agulhas genitálias babando fundo nos corpos dançantes
Na saudade & tortura & gozo das fotografias analógicas; pra que serve minha carteira de motorista, meus óculos novos, os prêmios universitários, o número da previdência social, os cálculos das tarifas bancárias, as copas de escritórios com coleta seletiva e campanha de agasalho e adoção de animais fofinhos...?
Nas prateleiras mesas computadores almoxarifados terabytes ambulantes desesperados repletos cobertos de foster wallace, miguel gomes, marcio abreu, ginsberg, burroughs, borges, godard
Nos prédios de manhanttan, seus mapas de metrô esgoto linhas de ônibus ataques terroristas como cartografias móveis avançando pelas sinapses da mente gerando trovoadas que decepam os nomes de personagens de fotos de turma, excrementos em forma de novos endereços, cartas de amor talvez
Nas batalhas virtuais perdidas são sempre perdidas e o sôfrego sofrer repetitivo sobre a enorme vontade de ser dos seres
No religioso risco dos esportes radicais, no sagrado voar das aves e das nuvens (especialmente sobre os morros verdes da zona sul), nas trágicas ceias de natal repletas de peru e vinho e família, na bíblica inflação dos aluguéis, nos proféticos livros de deleuze & guattari e críticas aos livros de deleuze & guattari, no helênico ciclo-ativismo, no lindo traço dos lápis 2B S2, na heróica editora cobogó, queria listar mais
Nos olhos cinza-sinceros semi-sorrindo dos amigos perdidos morando mal, sentem sede na boca e no rabo, fugidos, imigrantes tristes empilhando empilhados passos de jabuti na europa dos corações sangrantes e nas trocas de namorados, me sinto trocado, eu sei os segredos, quem me dera não errar dessa vez
Nos distúrbios mentais dos seus olhos cinzas & cabelos lindos em praças do rio som de coco & maracatu prédios prédios prédios adeus soçobrados sobrados adeus ninguém aguenta olhar pra cima tanto tempo tudo sobe, os preços e os prédios
Nas lentes lindas da minha câmera analógica vejo meu avô e meus amigos nus como índios, greve dos garis e chorume concentrado de um milhão de reveillons pentecostes copacabana
Nas selvas dos miolos dos pentelhos dos estudos dos cabelos dos sistemas de pensamento do apichatpong das músicas do frusciante dos desejos complicados complicadíssimos
Na música eletrônica ~~~~~~~~~~
No seu beijo e baba e bunda e fundo e tudo que não cabe no seu quarto armário apertados bichos de pelúcia patrulhando a seborréia que escorre interminável do seu orgasmo galático derretendo nossa cama de cacos de vidro sobre os azulejos hidráulicos históricos do piso que seus pais escolheram, somos putaria jurássica
sábado, 14 de novembro de 2015
vou morrer de tanto chorar
hoje descobri como vou morrer
me veio entre sonho e outro
em limbo de lucidez austral talvez
que vou morrer de tanto chorar
não acidente assassinato doença
nada disso que mata todos os dias
não tortura assédio enchente seca
nada disso que mata todos os dias
não descaso do governo fome tragédia ambiental
nada disso que mata todos os dias
não chacina fascismo facada assalto
nada disso que mata todos os dias
não incêndio tiroteio bomba fogo nos olhos do menor
nada disso que mata todos os dias
não ataque terrorista catástrofe tsunami tóxica
nada disso que mata todos os dias
não degola polícia câmera de gás
nada disso que mata todos os dias
não saudade crepúsculo ataque cardíaco
nada disso que mata todos os dias
não câncer corte ânsia sede
nada disso
suicídio olhar ouvir e ir e devir
ser todas suas causas mortis somentes
sozinhos em suicídio se apagando
morrendo de tanto tanto chorar
me veio entre sonho e outro
em limbo de lucidez austral talvez
que vou morrer de tanto chorar
não acidente assassinato doença
nada disso que mata todos os dias
não tortura assédio enchente seca
nada disso que mata todos os dias
não descaso do governo fome tragédia ambiental
nada disso que mata todos os dias
não chacina fascismo facada assalto
nada disso que mata todos os dias
não incêndio tiroteio bomba fogo nos olhos do menor
nada disso que mata todos os dias
não ataque terrorista catástrofe tsunami tóxica
nada disso que mata todos os dias
não degola polícia câmera de gás
nada disso que mata todos os dias
não saudade crepúsculo ataque cardíaco
nada disso que mata todos os dias
não câncer corte ânsia sede
nada disso
suicídio olhar ouvir e ir e devir
ser todas suas causas mortis somentes
sozinhos em suicídio se apagando
morrendo de tanto tanto chorar
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
apnéia
Eu teria muito pra te contar do cativeiro - cheiro de urina e verniz e gasolina, texturas de paredes toscas, ásperas, trepidar e ricochete de geladeira de algum cômodo acima, cozinha provavelmente, torturas com choques elétricos e arrancar de unhas, cegueira, ridículo de chorar ou gritar ou espernear ou se inconformar, visitas frequentes de fantasmas, ânus, toca dos escritos, simples dor, talvez terra talvez não, acima o inferno, aqui a caverna, jogos de palavras, palavrões, bizarra disciplina perdedora de corpo e de mente, benção da água, língua, lágrimas, burburinho catatônico incessante da própria voz e de dentes seus, deformidade do corpo, imobilidade, jesus cristo, paladar de merda, cheiro dos órgãos, menos unhas que dedos, perda do medo e medo incessante... - entretanto talvez a terra na minha boca desfaça a aspereza dos fonemas, ou o trepidar dos lábios confunda as palavras, e de forma alguma eu quero transformar a complexa vida vívida vivida num ávido reflexo, num cuspe, num flashmob grotesco de insatisfação: talvez, portanto, eu precise desesperadamente dessa câmera, pra que ela seja a minha melhor arma, pra que ela mostre ao outro como eu o vejo, e principalmente, pra que toda lembrança do cativeiro - que revisito sempre nos pesadelos e nas filas do banco - seja revelada e mantida presa na minha jaula, como um frame na noite.
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
desconfio
desconfio das festas que bombam demais ou por tempo demais ou que todo mundo ama nesse espaço estriado pouco claro que são as redes sociais e que tem mais confirmações do que caberia uma vez que parece que todos os eventos de sexta tem todo mundo confirmado em todos;
desconfio de quando me cumprimentam com muito carinho quando não me conhecem mas como se me conhecessem;
desconfio de pessoas que gritam ou falam muito alto ou não param de falar ou tem muita opinião assertiva sobre tudo numa noite em que só saí pra beber;
desconfio quando passam a mão na minha perna debaixo da mesa pode ter sido um esbarrão quem sabe;
desconfio de garçons que já chegam com a cerveja aberta na mesa ou já abriram antes de perguntar ou que não respondem perguntas direito;
desconfio de mesas muito grandes em que não está claro quem consumiu o quê especialmente quando eu não conheço nem metade das pessoas que estão ali sempre peço por fora ou arredondo pra baixo malandro malandro mané mané;
desconfio de bares point sem qualquer motivo aparente ou que o motivo é aparentemente estúpido;
desconfio da autoria das coisas que as pessoas postam não que eu me importe com autor mas quero saber quem fez mesmo;
desconfio mesmo de qualquer um que fale qualquer coisa sobre qualquer coisa pra mim é difícil falar alguma coisa então desconfio;
desconfio de (certas) risadas também;
desconfio de comerciantes que tem cara de que inventam um preço pra cada pessoa mas acho que isso é geral;
desconfio de caipirinhas de rua mas confesso que sempre tomo e não me arrependo;
desconfio de pessoas que usam "na verdade";
desconfio de gatos mesmo os fofos talvez principalmente os fofos visto que geralmente gatos são fofos;
desconfio (muito) de mauricinhos que estão na mesma roda/mesa/etc que eu;
desconfio de moradores de rua e depois me sinto um merda preconceituoso não vou levar isso adiante e depois desconfio da minha atitude auto-consciente vitimizante passiva olho pra frente ponho a mão no bolso se ele levantar eu corro mas tentar sacar se é realmente um lance violento ou não antes de correr etc eu sou tão menor que essas questões e simultaneamente tão biologicamente envolvido;
desconfio de boa parte dos políticos, empresários, CEOs, presidentes de multinacionais, basicamente todo mundo que aparece vestido de terno em jornais;
desconfio mesmo de quem usa terno;
desconfio de quem acorda muito cedo pro trabalho;
desconfio de trabalho;
desconfio de quem acha que arte é pra se expressar ou pra comunicar;
desconfio mais que tudo de mim mesmo diante de situações em que eu pareço estar respondendo automaticamente a novas perguntas (as perguntas são sempre novas quando refeitas é preciso re-respondê-las) usando de conceitos fixados em grupos de semelhantes incapaz de generosidade para os outros e extremamente desconfiado e arrogante.
desconfio de quando me cumprimentam com muito carinho quando não me conhecem mas como se me conhecessem;
desconfio de pessoas que gritam ou falam muito alto ou não param de falar ou tem muita opinião assertiva sobre tudo numa noite em que só saí pra beber;
desconfio quando passam a mão na minha perna debaixo da mesa pode ter sido um esbarrão quem sabe;
desconfio de garçons que já chegam com a cerveja aberta na mesa ou já abriram antes de perguntar ou que não respondem perguntas direito;
desconfio de mesas muito grandes em que não está claro quem consumiu o quê especialmente quando eu não conheço nem metade das pessoas que estão ali sempre peço por fora ou arredondo pra baixo malandro malandro mané mané;
desconfio de bares point sem qualquer motivo aparente ou que o motivo é aparentemente estúpido;
desconfio da autoria das coisas que as pessoas postam não que eu me importe com autor mas quero saber quem fez mesmo;
desconfio mesmo de qualquer um que fale qualquer coisa sobre qualquer coisa pra mim é difícil falar alguma coisa então desconfio;
desconfio de (certas) risadas também;
desconfio de comerciantes que tem cara de que inventam um preço pra cada pessoa mas acho que isso é geral;
desconfio de caipirinhas de rua mas confesso que sempre tomo e não me arrependo;
desconfio de pessoas que usam "na verdade";
desconfio de gatos mesmo os fofos talvez principalmente os fofos visto que geralmente gatos são fofos;
desconfio (muito) de mauricinhos que estão na mesma roda/mesa/etc que eu;
desconfio de moradores de rua e depois me sinto um merda preconceituoso não vou levar isso adiante e depois desconfio da minha atitude auto-consciente vitimizante passiva olho pra frente ponho a mão no bolso se ele levantar eu corro mas tentar sacar se é realmente um lance violento ou não antes de correr etc eu sou tão menor que essas questões e simultaneamente tão biologicamente envolvido;
desconfio de boa parte dos políticos, empresários, CEOs, presidentes de multinacionais, basicamente todo mundo que aparece vestido de terno em jornais;
desconfio mesmo de quem usa terno;
desconfio de quem acorda muito cedo pro trabalho;
desconfio de trabalho;
desconfio de quem acha que arte é pra se expressar ou pra comunicar;
desconfio mais que tudo de mim mesmo diante de situações em que eu pareço estar respondendo automaticamente a novas perguntas (as perguntas são sempre novas quando refeitas é preciso re-respondê-las) usando de conceitos fixados em grupos de semelhantes incapaz de generosidade para os outros e extremamente desconfiado e arrogante.
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