domingo, 17 de maio de 2009

Às Revoluções

O tempo passou e a nós comeu.
Nós, humanidade, seres humanos:
Culturadores, racionais, científicos, geniais,
Nós fomos todos comidos.

O que nos resta da beleza das revoluções?
Por que perdemos a ingenuidade das gerações passadas?
Temos algumas memórias arrancadas,
Pedaços flutuantes, galopantes, inconstantes
Como o clima.

Ah! o clima!
O agente da destruição e da redenção;
Cadavérico ser, com as mãos sujas,
Molhadas, roxas.

O que são as pirâmides do Egito?
Ou as árvores centenárias dos parques?
Seres empalhados por essa velhice
Que escorre como seiva,
E voa na poeira das areias das revoluções.

Tempo maldito em que vivo!
Inundado de morte e hipocrisia.
Afunde-se! Afogue-se!
Pois as águas da minha melancolia
São mais altas que o céu.
Cantando nosso grito de guerra,
Elas cavalgam pelos tempos, pelas eras,
E Cronos, nosso inimigo, nosso réu,
Munido de sua foice dos demônios,
É soberano sobre nós,
Mas não controla nossa vontade.
Se é só na força da amizade
Que posso contar para não ser vencido,
Nela permaneço,
E espero, e esqueço,
Pois também eu serei esquecido.

Um comentário:

  1. tua lira ganha alturas e minúcias
    colinas e rastejamentos

    decifrando, invocando, reverberando a poesia
    de todos os poetas do mundo dos outros mundos

    porque é assim que o verbo

    delira




    belíssimo, belíssimo, quero ver mais e mais

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