Eu bebi o tutano dos ossos do sertão
Eu bebi a própria seca
Eu bebi os sem-terra,
os sem-teto, os sem-tudo.
Eu bebi o vento vazio
bebi a vazante do rio
bebi o vagante vadio
e o esterco da gralha.
Eu bebi o som do guizo
Eu bebi a roça rude
e o retalho de uma mortalha
Eu bebi o riso.
Eu bebi o trinar do açude
e dos passarinhos
curió, canário, pintinho
Eu bebi o beijo dos costumes.
Eu bebi o suco dos legumes
da seriguela, do suor, do sol
Bebi o silêncio da praça;
bebi cigarro e cerveja.
Eu bebi cereja e acerola
Eu bebi a própria desgraça
Eu bebi o azul e o branco
e bebi o canto e as estrelas
E, então, eu bebi o trovão.
E todos eles sairam sedentos
De suas casas
Olhando, com olhos suados,
O céu
E a serenata da zabumba do trovão
E todos eles beberam, sedentos,
Da chuva cheirosa do sertão.
Carinhanha e seus belos resultados
ResponderExcluirpuxa ian. que do cacete.
ResponderExcluircarinhanha e seus belos resultados (2)
ResponderExcluirgostei, seu bêbado.
táquipariu, escreve muito!
ResponderExcluirparabéns!