domingo, 28 de setembro de 2014

yet not right there yet

há uma queda infinita depois daquela esquina
e se você não mordesse os lábios antes de mentir
eu teria caído atraído traído marido árido e ferido

acordar é sempre perder o mundo querido
como aquela esquina que esconde um buraco eterno
colado na sua testa não importa o quanto você ainda caia

antes de dormir a gente discute sobre nossas roupas
quando já não estamos enxergando bem de sono
eu já quase dormi e dormindo peço que você saia

acordado quero mil coisas que não alcanço
talvez porque podem ser contrários e autodestrutivos
como o gesto automático de dobrar esquinas

dormido fico repetindo o seu nome escrito num papel no bolso
e você aparece fixa como as fotos como memória
e não faz nada e sem nada fazer é simplesmente tudo

sem metáforas meias palavras sem roupas
nessa esquina você sussurra já bem próxima
você não fala não há som nem voz cor zero

eu sei o que você fala porque seus lábios estão colados nos meus
sussurro da pele como a lesma conversa com a pedra
e eu assinto sem entender nada de nada de nada


Um comentário:

Faça da interrupção, um caminho novo.