quinta-feira, 1 de agosto de 2013

radiografia

Não me lembro bem quem foi que disse que o esperma é uma prótese efêmera. Algum poeta, mas não me vem o nome. “Esperma é uma prótese efêmera”. De qualquer forma, é uma afirmação idiota. Não faz sentido algum.

“Infinite space, is there such a place?”

Existe um tipo de honestidade que é bem sublime: enxergar uma menina, tão linda, tão incrivelmente pra cima, linda mesmo, chorando de amor por um rapaz que não sei se a ama de volta ou não, com certeza gosta dela, já ficaram, mas talvez ele não seja apaixonado por ela, enquanto ele permanece sério e ela segura-lhe os pulsos, triste, falando com uma voz que não emprega normalmente, ninguém a escuta assim, ninguém a vê dessa forma: é exclusivo para o seu amor; ela quase lhe implora que escute o quanto ela se afeta pelas coisas que ele diz, o quanto o seu olhar, a sua aprovação – aprovação é uma palavra forte, mas a sua boa vontade em relação ao que ela pratica – é importante para ela, o que ela sente quando ele toca violão, ou quando ele ri de algo que ela diz. Isso é de uma honestidade quase sobrenatural, uma proximidade infinita – é invejável a qualquer um que passe pela angústia de enxergar essa cena: um casal de amigos em uma cozinha, no canto de uma festinha.

Quando você é adolescente tudo o que se faz é importante para todos, reverbera no mundo inteiro. Depois, cada um cuida de si e ninguém dá a mínima se você dá o cu três vezes ao dia, se você trepa casualmente com uma amiga em segredo, se você assalta lojas de conveniência ou coisas do tipo. Nem você se importa muito em contar aos outros: vida sua. Como as coisas então se tornam efêmeras. Será que é disso que o poeta estava falando?

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