Não me
lembro bem quem foi que disse que o esperma é uma prótese efêmera.
Algum poeta, mas não me vem o nome. “Esperma é uma prótese
efêmera”. De qualquer forma, é uma afirmação idiota. Não faz
sentido algum.
“Infinite
space, is there such a place?”
Existe um
tipo de honestidade que é bem sublime: enxergar uma menina, tão
linda, tão incrivelmente pra cima, linda mesmo, chorando de amor por
um rapaz que não sei se a ama de volta ou não, com certeza gosta
dela, já ficaram, mas talvez ele não seja apaixonado por ela,
enquanto ele permanece sério e ela segura-lhe os pulsos, triste,
falando com uma voz que não emprega normalmente, ninguém a escuta
assim, ninguém a vê dessa forma: é exclusivo para o seu amor; ela
quase lhe implora que escute o quanto ela se afeta pelas coisas que
ele diz, o quanto o seu olhar, a sua aprovação – aprovação é
uma palavra forte, mas a sua boa vontade em relação ao que ela
pratica – é importante para ela, o que ela sente quando ele toca
violão, ou quando ele ri de algo que ela diz. Isso é de uma
honestidade quase sobrenatural, uma proximidade infinita – é
invejável a qualquer um que passe pela angústia de enxergar essa
cena: um casal de amigos em uma cozinha, no canto de uma festinha.
Quando
você é adolescente tudo o que se faz é importante para todos,
reverbera no mundo inteiro. Depois, cada um cuida de si e ninguém dá
a mínima se você dá o cu três vezes ao dia, se você trepa
casualmente com uma amiga em segredo, se você assalta lojas de
conveniência ou coisas do tipo. Nem você se importa muito em contar
aos outros: vida sua. Como as coisas então se tornam efêmeras. Será
que é disso que o poeta estava falando?
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