sábado, 11 de abril de 2015

ciúmes

faz tempo que eu tenho qualquer coisa chamada sorte ou próxima disso ou mesmo muito tempo desde que sorrio incansavelmente por um acidente de percurso qualquer que inesperada e/ou ironicamente te cruza e destrói todo o seu pequeno mundo de tristezas de melancolia crônica e alumia os ecos das vértebras. A coluna oca respira cada partícula e o sorriso prende na pele mole da cara qualquer imprevisto, como dentes de tubarão, que se mexe pra respirar, que se perde turvo treme trinca com sangue nos olhos, quase literalmente. Estão acompanhando? Não tem imagem aqui, aqui são palavras sendo. Sério. Essa sorte esse milagre esse tempo essa travessia, não, não acontece tem muito muito tempo, e quando me toco disso, como uma masturbação triste, ejaculo cada uma dessas lágrimas mais grossas que sangue, e sinto como se o dia fosse frio e algum gigante me descascasse como uma espécie de batata podre - aquela miséria tão gosmenta e desprezível que dá até vergonha de encontrar pessoas, simplesmente a existência cessa e apenas somos uma pasta amorfa como catarro, sem sabor e sem sentido.
Isso tudo é ciúme.
Eu não posso me desvincular do que já sou pros outros por mais que me esforce, mesmo em casa, sem ninguém, continuo sendo essa cara abominável inominável determinada a ser sempre sua.

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