Do cheiro
Que veio morte
E depois vida
E depois morte
E depois vida
E depois morte
E depois vida
E, depois, morte.
domingo, 30 de agosto de 2009
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Os olhos dela
São lindos, os olhos dela
Que quando ela olha
Olham os meus olhos de volta
São gatos, os olhos dela
Que quando ela mia
Arranham poses de leveza
São pássaros, os olhos dela
Que quando ela chora
Piam lágrimas de delicadeza
São ondas, os olhos dela
Que quando ela mira
Ressacam vagas de suicídio
São santos, os olhos dela
Que quando ela os fecha
Ressuscitam dessa pequena morte
Que quando ela olha
Olham os meus olhos de volta
São gatos, os olhos dela
Que quando ela mia
Arranham poses de leveza
São pássaros, os olhos dela
Que quando ela chora
Piam lágrimas de delicadeza
São ondas, os olhos dela
Que quando ela mira
Ressacam vagas de suicídio
São santos, os olhos dela
Que quando ela os fecha
Ressuscitam dessa pequena morte
domingo, 16 de agosto de 2009
Evilano Vila
I.
Evilano Vila
Marujo de alto-mar
Homem camarada
Sempre a velejar
Cego de um ouvido
Mudo no calar
Nunca aportava
Seu amigo é o nada
Evilano Nada
Marujo a velejar
Homem de um ouvido
Sempre no calar
Mudo camarada
Cego de alto-mar
Nunca aportava
Seu amigo é ouvi-la
II.
As brumas do mar me fazem cego
O balanço das ondas me condena
A espuma me alimenta de desejo
Porque sou um grande marinheiro
Condenado a velejar sozinho,
Uma pena.
Mesmo com todo o meu dinheiro
Sou pobre, sou faminto, sou doente
Drogado infeliz de corpo podre
Ao mar me lançaria, se pudesse
Achar alguém que more lá que me receba.
Já escrevi muitas cartas a amigos marinhos:
A maioria dos peixes me rejeitou;
O tubarão me disse não;
Os cavalos-marinhos avaliaram;
Nenhum cetáceo me gostou...
Fiquei no limite
No horizonte do mundo
Na fronteira do que é bonito
E do que é feio
Os dois igualmente belos
Como o céu e o mar:
Um é salgado e aconchegante
Como coração de bruxa-mãe,
Que sempre cabe mais um,
Mas fica meio apertado;
o outro é gelado e desmiolado.
Os dois são infinitos.
Evilano Vila
Marujo de alto-mar
Homem camarada
Sempre a velejar
Cego de um ouvido
Mudo no calar
Nunca aportava
Seu amigo é o nada
Evilano Nada
Marujo a velejar
Homem de um ouvido
Sempre no calar
Mudo camarada
Cego de alto-mar
Nunca aportava
Seu amigo é ouvi-la
II.
As brumas do mar me fazem cego
O balanço das ondas me condena
A espuma me alimenta de desejo
Porque sou um grande marinheiro
Condenado a velejar sozinho,
Uma pena.
Mesmo com todo o meu dinheiro
Sou pobre, sou faminto, sou doente
Drogado infeliz de corpo podre
Ao mar me lançaria, se pudesse
Achar alguém que more lá que me receba.
Já escrevi muitas cartas a amigos marinhos:
A maioria dos peixes me rejeitou;
O tubarão me disse não;
Os cavalos-marinhos avaliaram;
Nenhum cetáceo me gostou...
Fiquei no limite
No horizonte do mundo
Na fronteira do que é bonito
E do que é feio
Os dois igualmente belos
Como o céu e o mar:
Um é salgado e aconchegante
Como coração de bruxa-mãe,
Que sempre cabe mais um,
Mas fica meio apertado;
o outro é gelado e desmiolado.
Os dois são infinitos.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Cigarra
Sinto o sono de uma prece.
Seria sincero se sarasse
Desse sarampo
Só meu.
Sabia - sempre soube
- que seria assim.
Sou aquela cigarra.
Saco...
Aquela cigarra
que só sabia cantar.
Os sonetos já sobraram nos silêncios;
Os assentos já se encheram,
Assim, sem mais nem menosssss
Ssssibila, cigarrinha
Ssssibila, ssssalta, ssssolfeja e explode!
De dor de cantar, de calor, de ferro
Sua música, seu requien, seu ode
A si mesma, o seu berro
Desesperado e solitário.
Ssssilvos de pirilampos,
Vaga-lumes, elfos.
E você, cigarra, sempre sozinha
Sassaricando na selva.
Pula, salta, amassa a relva
E volta pra morrer em paz no seu lar
de passarinho.
Sem isso, a nossa poesia
Minha e sua, cigarrinha,
seria menos que essas formigas.
Saúdem nossa seresta amiga,
Súditos dos assassinos das sílabas!
Seria sincero se sarasse
Desse sarampo
Só meu.
Sabia - sempre soube
- que seria assim.
Sou aquela cigarra.
Saco...
Aquela cigarra
que só sabia cantar.
Os sonetos já sobraram nos silêncios;
Os assentos já se encheram,
Assim, sem mais nem menosssss
Ssssibila, cigarrinha
Ssssibila, ssssalta, ssssolfeja e explode!
De dor de cantar, de calor, de ferro
Sua música, seu requien, seu ode
A si mesma, o seu berro
Desesperado e solitário.
Ssssilvos de pirilampos,
Vaga-lumes, elfos.
E você, cigarra, sempre sozinha
Sassaricando na selva.
Pula, salta, amassa a relva
E volta pra morrer em paz no seu lar
de passarinho.
Sem isso, a nossa poesia
Minha e sua, cigarrinha,
seria menos que essas formigas.
Saúdem nossa seresta amiga,
Súditos dos assassinos das sílabas!
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Soneto dos meandros
Estou perdido e sem amigos
Numa bolota apertada,
Que não cabe com minhas fotos
E filmes de infância.
A vida sem vida me causa ânsias
E me perco nos cantos, nos lados,
Nas reentrâncias
Da minha apertada cachola.
Das fotos de escola,
Não lembro o nome de ninguém
Porque não me importo.
Perdido nessa bola,
Nesse planeta de extravagâncias
Vivo do que é mais além.
Numa bolota apertada,
Que não cabe com minhas fotos
E filmes de infância.
A vida sem vida me causa ânsias
E me perco nos cantos, nos lados,
Nas reentrâncias
Da minha apertada cachola.
Das fotos de escola,
Não lembro o nome de ninguém
Porque não me importo.
Perdido nessa bola,
Nesse planeta de extravagâncias
Vivo do que é mais além.
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