segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Um Segredo Revelado

Sinto em lhe falar tão diretamente
Veio na mente é melhor dizer
São coisas que se presas machucam
Expurgo, assim, o mal de uma vez

Nunca antes me senti assim
Como calado por muito
E triste por pouco, por menos
De uma tristeza que não cabe em mim

E eu, finito em tanto nesse fim,
Feri-me ao ver-me tão mal com isso
Esperava me curar do mal que fiz
E que não fiz. Veio, então, um impulso.

Impulso vago, impulso fraco
Mas ainda assim veio.
Não há palavras pra traduzir
A vaguidez com que passou

A vaguidez com que, no meio,
Caía em mim de ridículo,
Parei e comecei a rir,
E, em seguida, a chorar.

Um choro mais profundo
Que o ridículo do impulso
Mais aterrador que as mais tristes
Memórias e fotos e filmes

Estes eu não me esqueço
E as lembranças me carregam
Num barco sem mastro
Sem leme e, pior, sem âncora

Embriagado na imensidão de cores
Das vagas assassinas que me levam
E me fazem do lado de fora
Vomitar todas as dores

Eu sou um vidro de amores
Que quebrou na imensidão do céu
E espalhou, em nuvens cinzas
As flores do último inverno

Quero expelir esse brilhante inferno
Fazer das dores um pacote seu
E entregar-me, nu e de braços abertos
Como o Cristo, para uma morte pequena

Queria fazer de mim um tirano
E um mártir, além do mal e do bem
Apenas um amigo, tolo, mas próximo
Mais próximo e mais amigo.

Prometa que não conta à ninguém
Esse segredo tão escondido
Tão escondido que te contei
E agora todo mundo sabe.

5 comentários:

  1. um soco dócil, teu poema

    a gente sente a verdade dele

    isso o fortalece. a verdade fortalece a poesia.

    boa bicho!

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  2. Muito bom!
    (é, eu não sei o que escrever, mas pelo menos você sabe que eu li até o final)

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  3. Carambolas, tá muito bom!
    E não, eu não escrevi pra fingir que eu li como eu falei que ia fazer. hihi

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  4. poiz é, isso que o Tayro disse e todos concordaram que eu também percebi!

    que poemas sinceros e bonitos!!!

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