sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Cigarra

Sinto o sono de uma prece.
Seria sincero se sarasse
Desse sarampo
Só meu.

Sabia - sempre soube
- que seria assim.

Sou aquela cigarra.
Saco...

Aquela cigarra
que só sabia cantar.

Os sonetos já sobraram nos silêncios;
Os assentos já se encheram,
Assim, sem mais nem menosssss

Ssssibila, cigarrinha
Ssssibila, ssssalta, ssssolfeja e explode!

De dor de cantar, de calor, de ferro
Sua música, seu requien, seu ode
A si mesma, o seu berro
Desesperado e solitário.

Ssssilvos de pirilampos,
Vaga-lumes, elfos.
E você, cigarra, sempre sozinha
Sassaricando na selva.
Pula, salta, amassa a relva
E volta pra morrer em paz no seu lar
de passarinho.

Sem isso, a nossa poesia
Minha e sua, cigarrinha,
seria menos que essas formigas.
Saúdem nossa seresta amiga,
Súditos dos assassinos das sílabas!

3 comentários:

Faça da interrupção, um caminho novo.