O dia estava com um quê de misterioso nublado. Era um céu marítimo, meio prateado, de enormes nuvens escamosas, de cor meio indefinível: cinza-peixe. Às três da tarde cairia um granizo leve, e Citônio encontrava-se na praia, com Trivela, sua melhor amiga. Os dois calçavam tênis ol-istar, e vestiam calças diins, mas ele usava uma jaqueta de veludo verde, com uma camisa cor-de-preto por baixo, enquanto ela optou pelo mole-tom, nem lá nem cá, e desprendera os cabelos caindo num ombro. A água parecia muito fria - de fato, a areia coalhava-se de águas-vivas congeladas, que atraíam muitíssimas gaivotas, preenchendo a brisa do mar de uma gritaria desoladora. Os dois comentavam uma notícia de jornal:
Um cientista descobria que todos são trinta e três por cento mais baixos do que imaginava-se até então, porque a medida do metro estava errada. Pesquisando os sistemas de medidas, encontrou erros no cálculo da curvatura da Terra, e que o que pensávamos ser um metro era, na verdade, um metro e meio. Portanto, deveria-se diminuir a altura de todos em um terço, e refazer todos os aparatos de medição, réguas, fitas etc. Somente os países com outros sistemas métricos escaparam da triste fatalidade de encurtamento global.
Sentindo-se rebaixados, amargavam essa questão antropológica e um tanto quanto filosófica. Será que a medida das roupas mudaria também? O gê passaria a ser eme, o eme a ser pê, o pê a ser pepê, e o pepê a ser beibiluque? ......... Péra, seria o contrário, não? Porque nesse sentido as medidas estariam aumentando mais ainda! Puxa, muito complicado. Crucial seria, portanto, um programa governamental para a redução geral e gradual dessas medições.
Citônio olhava para o mar celeste, só que estava meio triste, porque comprara uma camisa de presente para Trivela que agora poderia ficar grande... ele aprendeu a não tirar a etiqueta dos presentes.
só tire a etiqueta de presentes recebidos após uma semana de uso.
ResponderExcluircomento pra mostrar que leio. e curto! :D
ResponderExcluirAssim como o Paulo, venho aqui deixar meu protocolo de que eu leio e curto as aventuras de Citônio e sua turma, bem como seus poemas fudidos e cosmopolitas. Espero não ter que fazer isso novamente, pois é profundamente constrangedor e burocrático tal ato.
ResponderExcluirAté breve,
Luísa Valença Reis
esses textos me lembram muito um livro que eu tenho de um cara que também escrevia em blog e depois lançou seu livro. chama "Abaeté [estórias de Amanda e Eric]" e o nome do cara é Bondia. Vou te emprestar, no dia em que eu te entregar o texto da Viola, que também vai fazer aniversário aqui. Mas como vocêr não vai ler até entrar de férias, acho que não tem pressa.
ResponderExcluircomento pra mostrar que leio, e curto!
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